terça-feira, 16 de novembro de 2010

Auto-retrato


AUTO-RETRATO

Sou muitos, sou vário, sou disperso.
Sou a face multiforme que supus.
Sou bom, humanitário e sou perverso
- Sou um amálgam do Diabo e de Jesus.
O que eu sou não pode ser um simples verso
nem me retrata qualquer poema que compus.
Igual a mim não pode haver no universo,
pois nem o sol pode imitar a minha luz.
Eu sou um homem de tacape das cavernas
que hoje rabisca sutil as imagens de silício;
mas apesar das fantasias modernas
sei que matar ainda pode ser um vício.
- Tu quando miras, leitor, a face do bruxo velho,
não te parece que te olhas no espelho?

Antônio Adriano de Medeiros