segunda-feira, 21 de junho de 2010
O POETA SIMPLES
Naquela noite de lua
depois que acabou a feira
Chico ficou pela rua;
nos quartos, sua peixeira.
- Chico é um poeta simples
e, ás vezes, faz besteira.
Chegou no bar de Luzia
tomou uma talagada,
e com quem aparecia
Chico dizia piada.
- Chico é um poeta simples,
da poesia improvisada.
Chamou Seu Luiz de corno,
Zé Magrelo de ladrão,
e gritou: - "Hoje eu entorno
um litro de alcatrão!"
- Chico é um poeta simples,
mas toca bem violão.
Logo surge uma viola,
ele dá de improvisar,
fumando qualquer piola
que alguém quisesse lhe dar.
-Chico é um poeta simples,
nem bem sabe o bê-a-bá!
Começou o improviso
já xingando o delegado,
provocadno muito riso
ao chamá-lo de "viado".
- Chico é um poeta simples,
pobre e meio adoidaiado.
Logo no bar da amiga
encostou um camburão;
os versos deram em intriga
e foi grande a confusão.
- Chico é um poeta simples,
mas não quis ir pra prisão.
Tacaram bala em Chico
pois que el tava armado...
e quando caiu o mico
inda o levaram algemado.
- Chico é um poeta simples
e assim deve ser tratado...
As mocinhas da cidade
quiseram fazer poesia,
mas tal sensibilidade
não passou de histeria.
Chico é um poeta simples:
se enterrou como devia.
Antônio Adriano de Medeiros
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário