Antes de mais nada, uma modesta e necessária confissão no tocante aos haikus, ou haikais, ou ainda aicos, os poemas de origem japonesa com três versos, sendo o primeiro com cinco sílabas poéticas, o segundo o com sete, e o terceiro com seis (na contagem das sílabas poéticas, as átonas são dispensadas, não sendo portando somadas ao número de sílabas).
I Confess - um dos melhores filmes do maior dos diretores, inclusive fisicamente, Alfredo Riticoque, que no Brasil recebeu o título de A Tortura do Silêncio, sobre um padre que ouve na sagrada Confissão o relato de um assassinato e não o pode revelar à Lei, por impedimento canônico, se otrnando assim o principal suspeito do crime; a voz do assassino é tenebrosa - pois bem, como tentava dizer antes de ser interrompido pelo primeiro travessão, eu confesso que sempre sinto dificuldade em decidir quando um cinco-sete-cinco etá definitivamente concluído, ou tem seu desenho definitivo sugerido por palavras. Quase não encontro as átonas; as sílabas, partes de palavras, vísceras das palavras, me lançam sempre olhares agudamente ameaçadores... Tenho medo de ficarem com raiva de as ter julgado átonas quando na verdade eram agudas. Toda víscera é importante, até o apêndice e a vesícula biliar, hoje se sabe.
Pergunta interessante que ouvi recentemente: como é que sabe que um poema está pronto? Salvo em se tratando de um haico, um soneto, ou outro poema com número de versos já convencionlamente definido, é sempre uma decisão arbitrária do poeta, coisa que não se deve mexer, pois deixemos pelo menos essa regalia, esse direito ao poeta criador, que nesses tempos feicebuquianos de intercãmbio virtual, qualquer um quer meter a colher na criação alheia, às vezes um neófito quer se meter com um já escolado na Arte, e aí fica até meio chato...
Tudo isso foi pra dizer que tive muita dificuldade em decidir quando o sarcástico haiku que antecede os poemas ao Diabo estava pronto, e confesso ainda não estar plenamente satisfeito, pois o segundo verso... Bem, ele poderia ter "Grão-Vate" no luger de "Grande Luz", mas optei pela segunda expressão não pra que o lado feminino do Criador fique patente, mas ainda porque creio que o chamamos hoje de Demônio, ou seja O Mal, seja apenas o lugar onde ainda não chegou (ou não alcançou) plenamente a influência do Criador, que a metáfora Trevas e Luz cai bem como imagem antitética da Batalha (ou seria ainda uma Dança, uma Brincadeira...)
* * *
Agora vamos aos poemaa ao Cão, ou com o Diabo, ou ainda aos meus e nossos antigos poemas com temas satânicos.
Incluo aí meus primeiros poemas para o Diabo, inclusive o Soneto Para o Diabo, primeira obra da verve deste verme que foi publicada, por gentileza de uma amiga, numa revista holandesa, de nome Sur, voltada para a latinoamérica e a heróica Ibéria ancestral; havíamos escolhidos vários poemas e os enviamos, e só foi escolhido o... do Diabo! Lembro que até brinquei com ela, dizendo que jamais esqueceria de quê quem primeiro se dispôs a me ajudar na publicação de poemas foi... "Não precisa me agradecer..." disse-me aquela indizivelmente bela boca, e eu a corrigi: "Referia-me a Mister Devil - o Diabo, meu bem!" O Soneto Para O Diabo nascera um soneto latino, mas hoje inglesou-se, também porque percebi-o mais adequadamente em tal formato.
Depois vêm As Queixas de Lúcifer, que eu, deus deste blog, resgato das profundas do mesmo e trago para a Luz aqui da frente, sublimando atenciosamente o atendimento a Seu Pedido. Esse poema foi escrito em 1988, quando morava no Rio; o soneto prévio é ainda mais antigo. Muita gente, parentes, amigos e que tais, não gostavam deles, e me aconselhavam a destruí-los, que aquilo não era poesia, mas sinal de algo mais grave, quem sabe doença mental ou mesmo uma Possessão, no mínimo Tentações do Malino... Uma jovem ex-cunhada veio-me, com sua bela irmã, me dizer que "Isso atrai..." Atrai o quê? - "Atrai..."
Aconteceu também, em 1999, logo após ter chegado a Natal, de ter esquecido alguns poemas no apartamento médico de um hospital psiquiátrico, e entre eles estavam As Queixas... Outro médico, um alienista já entrado em anos, as encontrou... Lembro-me de, à saída do hospital, próximo ali à direção, ter visto o diretor-médico, meu amigo Dr. Jeezias Bastos, tendo o maior trabalho em convencer o velho alienista de que aquilo não era grave motivo de denúncia ou preocupação, era apenas poesia _ "Mas Jeezias, você sabe quem foi Lúcifer?" esbravejava um possesso alienista... Tem epígrafe de Baudelaire, As Queixas: "Ó Satan, tem piedade de minha longa miséria!" Também devido á anáfora.
Em seguida vem, enfim, Um Pacto Com o Cão Em Quatro Sonetos. Interessante que eles surgiram esbagaçados, eram dois poemas cada qual com dois sonetos, e só bem depois eu os percebi complementares. Esse poema é já de minha fase netiana, quando ingressei, por sugestão do ancestralíssimo amigo Osvaldo Ribeiro Filho, nas loistas de poesia da internet; primeiro foi a Poesia Diária, lista lusobrasileira que se autoextinguiu e se escolheu alguns poetas para serem salvos e conduzidos á lista Escritas, do poeta José Nascimento Felix, lista lusobrasileira com mais de treze anos; também tinha uma lista gerida por um poetinha não sei de onde, aqui do Brasil, e outras mais que entrei, mas não deu pra continuar, brigavam muito, censuravam ou desaconselhavam certos poemas, e principlamente, era uma viagem do "dono da lista", cujos poemas tinham o título da mensagem escrita em maiúsculas (o que corresponde a gritos na escrita virtual...) Bom, o tempo foi passando e descobri que as listas luso-brsasileiras, com ou sem hífem, são melhores, e hoje sou de duas, a Escritas, a Letras no Teclado, com poetas da primeira que decidiram seguir trilha própria, além de uma terceira, a da Sobrames nacional, de escritores médicos, brasileira que também conta com poetas e outros artesãos de Palavra de além-mar, à qual fui por convite de um amigo já das três listas ancestrais, o poeta e médico, padim de Nanin, José P. di Cavalcanti Jr.
Também os quatro sonetos do Pacto se inglesaram, eles pediram através do dístico final, e para que os versos não ficassem quebrados em alguns tercetos, o que ocorria na antiga forma latina.
Sou muito grato à convivência com tais poetas da Net, poetas que surgiram nesse outro mundo da Poesia Não-Oficial e que hoje cresceu bem e se tornou pelo menos igual ao mundo dos Poetas Oficiais, sendo hoje todo mundo poeta do mesmo jeito, creio. Aprendi muito com eles, devendo confessar que minha modesta verve não seria hoje nem a décima parte do que é sem tão rico intercâmbio. Me estimularam nos cordéis, me fizeram ver que o Diabo é mesmo apenas um personagem literário comum qual outro qualquer, coisa que a obra de Thomas Mann já dizia, Doutor Fausto, e que depois pude gostosamente encontrar em Guimarães Rosa, em poema de Alphonsus de Guimaraens, e outros mais aqui do mundo tupiniquim.
Não vou incluir aqui a História de Jesus, o Cão, pra não ficar uma postagem muito longa.
E agora... Vamos à Procissão? A Procissão do Diabo não é um poema, foi uma reunião de poemas que surgiu na Escritas naqueles riquíssimos anos da passagem dos séculos (olha só!), quando um poema era respondido com outro, e outro surgia... Por ter gostado da brincadeira, e notando que alguns poemas poderiam ser postos em sequência, e preocupado porque não tinha notícia de quê uma Procissão do Diabo já teria existido, ousei reunir alguns poemas de amigos, poemas sequenciais, poemas em série - poemas seriais! - e guardei aquela mensagem já conhecida dos poetas participantes. Como ninguém reclamou, pelo contrário, todos gostaram, posto aqui A Procissão do Diabo, com a raríssima, impagável e inclassificável no melhor dos sentidos possíveis, colaboração dos poetas, por ordem de entrada em cena, Antoniel Campos, de Natal, Manuel Rodrigues e José Félix, os dois últimos das hostes ancestrais e generosíssimas da rica Ibéria portuguesa.
Ah, a epígrafe é... dos Beatles, Lennon e McCartney, nos Sergeant Pepper's.
Muito obrigado!
absaam
AíCão
Vil pastor de mente,
à vasta poesia da Grande Luz,
quem pode acabá-la?
Antônio Adriano de Medeiros
SONETO PARA O DIABO
Filho Maldito das Trevas,
desço hoje ao Inferno - que é teu lar -
para ver, Distinto Bode, se me levas
onde possa a inspiração reencontrar.
Sem ela não existo, Honrado Cão!
Já venho há meses buscando ajuda.
Consultei Filosofia, Ciência e Religião,
e não consegui sair dessa apatia aguda.
Ès minha útima esperança de sucesso,
ó Grandioso e Sapiente Satanás!
Mas é com certa descrença que hoje ingresso
no Reino do Grande Mago das Desgraças Ancestrais...
- Duvido do Teu Poder, mas, se me ajudas,
prometo fazer melhor do que o teu saudoso Judas!
Antônio Adriano de Medeiros
AS QUEIXAS DE LÚCIFER
"O Satan, prends pitié de ma longue misère!"
Quando os meus sócios, sorridentes,
saem da missa no domingo
e vão felizes para casa, bem contentes,
fico tão triste que, confesso, choramingo...
- Deixa-me voltar, ó Bom Deus,
ao seio do lar dos justos!
Pois que de todos os que vagam eternamente
no cárcere do Inferno derradeiro,
Satanás perseguido é o primeiro,
vítima da fúria de Deus Pai Onipotente.
- Deixa-me voltar, ó Bom Deus,
ao seio do lar dos justos!
Mas não fora minha pena por demais exagerada?
Não que da justiça divina pretenda tirar o mérito,
mas a justiça hoje em dia anda tão mudada...
Seria mesmo impossível reabrir o meu inquérito?
- Deixa-me voltar, ó Bom Deus,
ao seio do lar dos justos!
Se me permite uma réplica o Maior Legislador,
digo que o Seu Veredicto hoje é insatisfatório:
pois as penas radicais já perderam o seu valor
e a imprensa pode pensar que fui um bode expiatório...
- Deixa-me voltar, ó Bom Deus,
ao seio do lar dos justos!
Os gestos autoritários andam tão fora de moda...
E diante da oferta que há de tantos salvadores,
um deus assim radical tem até seus seguidores,
mas no Mercado da Fé essa má fama incomoda...
- Deixa-me voltar, ó Bom Deus,
ao seio do lar dos justos!
A Tua Igreja está perdendo fiéis
para seitas mais modernas e menores,
algumas até cujos profetas, uns dez,
vêm sempre em busca de meus favores.
- Deixa-me voltar, ó Bom Deus,
ao seio do lar dos justos!
Não que goste de ajudar a esses lunáticos,
mas tu bem sabes que aprecio a diversão
e adoro ver o tolo bando de fanáticos:
já condenados prometendo a Salvação!
- Deixa-me voltar, ó Bom Deus,
ao seio do lar dos justos!
E considerando que aqueles pobres rebanhos
que a falsos profetas seguem, inocentes do Mal,
virão todos receber meus quentes banhos,
já temo, preocupado, a lotação infernal!
- Deixa-me voltar, ó Bom Deus,
ao seio do lar dos justos!
Pois como se não bastasse a minha sina
de o príncipe do eterno exílio para sempre ser,
tal sobrecarga de trabalho as minhas forças mina...
Ai, com tanto sofrimento eu posso até morrer!
- Deixa-me voltar, ó Bom Deus,
ao seio do lar dos justos!
E minha morte para ti seria o caos,
pois, desaparecendo da doutrina a ameaça,
não seria mais possível amedrontar os maus,
e o Teu Império todo cairia em desgraça!
- Deixa-me voltar, ó bom Deus,
ao seio do lar dos justos!
É claro, Bom Criador, que não tenho a pretensão
de para sempre ir viver no Reino do Paraíso:
o que te peço são férias, breve interrupção
do trabalho incessante que há tempos realizo.
- Deixa-me voltar, ó Bom Deus,
ao seio do lar dos justos!
E assim quero, para melhor cuidar dos ateus,
e para que possamos superar tamanhos sustos,
que me permitas de novo ser recebido entre os Teus...
Quanto a despesas de viagem, cobrirei todos os custos.
- Deixa-me voltar, ó Bom Deus,
ao seio do lar dos justos!
Antônio Adriano de Medeiros
1988
UM PACTO COM O CÃO EM QUATRO SONETOS
I
Em meia-noite negra e fria, de Sabá,
num triste e silencioso cemitério,
ele pôs-se ao Diabo, aos gritos, a invocar,
querendo pôr um fim ao Seu Mistério.
E se entregando a um ritual funéreo
e prometendo nunca mais amar,
unicamente ao Cão prometeu adorar,
lançando uivos no espaço etéreo.
Berrou blasfêmias, gritou maldições
e, entoando ladainhas aos homens maus,
zombou do Cristo e Suas Orações,
implorando a vinda do Mestre do Caos.
E aos seis minutos, possesso, o nosso Fausto
caiu por terra morto, sujo, louco, exausto.
II
Depois de um certo tempo se ouve arcano assobio
e logo um cachorro preto por ali apareceu.
Fazendo uma cruz inversa sobre o morto tão esguio,
com a sua pata esquerda o cão preto se benzeu.
E vindo de não sei onde soprou um vento mais frio,
nuvens encobriram a Lua, e a Noite tornou-se em breu.
E seis pares de esqueletos, como animais no cio,
começaram então a Dança do Amor que Não Morreu.
Eis que uma raposa choca que surgiu da Noite Escura
uivou, imprimindo à dança um ritmo mais sensual.
E quando a vil canídea morde o morto na cintura,
as criaturas presentes se entregam à bacanal.
Sei que quando o Sol nasceu só havia sobre o chão
um cadáver a quem os bichos devoraram o coração.
III
Quando o padre, cumprindo a nobre missão,
encomendava o corpo do finado
à sua alma pedindo a salvação,
um cachorro latiu, desesperado.
A viúva do corpo encomendado,
constrangida com tal situação,
a um criado pediu, com educação,
que tirasse dali o cão danado.
Mas eis que o cão, valente e forte
e fiel como só é um cão ao seu dono,
protesta contra deixá-lo ao abandono,
não aceita a separação da Morte.
Late e luta com ímpeto e com paixão,
e eis que salta para dentro do caixão.
IV
Com o peso e o movimento brusco
do corpo do bom cão junto ao do morto,
virou de lado o caixão, já meio torto
que estava à hora do lusco-fusco.
E foi grande a correria no velório!
Dois castiçais caíram em cruz de velas,
gritos e latidos eram um só palavrório,
e o povo fugindo, pulando as janelas.
E deu-se a a Hora da Revelação:
em grande lobo o cão metamorfoseado,
em movimentos de perfeita precisão
- coisa de bicho muito bem adestrado -
joga o morto sobre o lombo e parte veloz...
- E do defunto hoje só resta essa lembrança atroz!
Antônio Adriano de Medeiros
A PROCISSÃO DO DIABO
"with a little help from my friends"
1. DESPACHO
O Satanás, que é meu primo,
mandou avisar agora
que esqueleto gargalha
na tribo de Caipora,
desembestou coisa preta,
assovio do Capeta
se ouve na encruzilhada,
uma nêga ferroada
pelo besouro do Cão,
sete esqueletos de porco,
desgraça de achar pouco,
- teu retrato num caixão.
Antônio Adriano de Medeiros
2. EMBALO
grasno de rasga-mortalha
gargalhada de encosto
o rangido da cangalha
sons de bofete no rosto
gemidos da Pomba-Gira
na areia do cemitério
o choro na ziguizira
um vento frio e funéreo
confusão de Zé Pilintra
no auge da bebedeira
o chupado do cachimbo
duma velha catimbozeira
e mais o cri-cri do grilo,
desde o seu primeiro ano,
embalavam o cochilo
do capetinha Adriano.
AC (Antoniel Campos)
3. A PEGADA DO FEITIÇO
Correu cachorra doente
e grunhia raposa choca,
a gata preta no viço
meteu-se a dentro na loca,
vi desembestar jumenta,
cantar versos cururu,
uma espinhela caída
almocei com urubu,
E comemorando a festa,
trajado a Papai Noel,
havia um diabo que presta
- meu amigo Antoniel.
AAM (Antônio Adriano de Medeiros)
4. O CÃO E O MAFARRICO
Andais os dois a cantar
ao desafio na rua
e não o vedes chegar
da escura noite sem lua.
Ó Antoniel e António,
olhai que focinho feio
com jeitinho de campónio
se vos está metendo a meio.
Ide depressa à igreja
buscar os santos do altar
para que a rude peleja
com o Cão possais travar.
E se não forem que baste
trazei azedas beatas
mais tudo que seja traste
e moças esbeltas gatas.
O muito é sempre mui pouco
e o pouco nada mesmo é
para combater o louco
que vos anda tão ao pé.
Faço aqui um esconjuro
para ver se ele se vai,
bebo dois litros do puro
e ouvirei das moças: ai!
E vós aí com as tralhas
e eu aqui com o tintol,
agarramo-lo nas malhas
e secamo-lo ao sol.
As moças levai-as vós
porque eu por aqui me fico,
já diziam meus avós
que elas são o Mafarrico.
MR, agora mesmo
(Manuel Rodrigues)
5. a morte na fogueira
vem a tropa cãozoada
os rabichos a abanar
uns agarram-se aos chifres
outros vêm a rabiar
vem o bispo com os cafres
a mulher amasiada
o barão o conde o duque
e o rei que não diz nada
o inquisidor com o truque
da madeira de esticar
leva o judeu rabudo
que na praça vai queimar
dizem que é o chifrudo
o cão o mau lucifer
e como não estão contentes
trazem também a mulher.
depois das cinzas assentes
choradeira e rezinhas
o bispo vai para casa
de breviário e mezinhas
eis quando na mesa rasa
ele quer a comezaina
vem o cão a fazer vascas
pendurado na sotaina
coitado do barregão
pensar que o cão está morto
não sabe que é ele assim
que lhe dá o seu conforto.
José Félix
6 - (66)
Eles vão à procissão do Diabo
porque acreditam na Poesia:
ali não há imagens
além das cores da própria escrita.
- Ou tu desejavas encontrar o Mal?
E lá vai a procissão do Diabo.
As beatas louvam São Mafarrico,
trazem água e sal, terra, ar e fogo,
o amor é cantado no modo óbvio,
e o ódio por não ter havido;
decerto há pássaros e moscas
nas viagens de castelos e sentidos.
Ali vai a procissão do Diabo,
malassombros, tarados e ninfetas
no anti-terrorismo da poesia;
viajantes do ontem e do amanhã,
vaga-lumes das sombras,
vagabundos da rima e ironia,
misturas do caldeirão da Poesia,
pássaros da morte e da manhã.
Quanto ao ódio, não sei se foi, pois não vi.
- Se o viste, leitor, não te traí.
Antônio Adriano de Medeiros (*)
(*) Como dito previamente, os poemas da Procisão de poemas sobre o Diabo têm, cada um, seu autor identificado após cada poema. Meu nome ao final deve-se apenas ao atrevimento de reuinir os poemas, escritos entre os dias 11 e 14 de um dezembro na passagem do século XX par ao XXI. A 13 de dezmebro fui muita procissão de Santa Luzia lá no sertão, de forma que bem pude, de consciência limpa, organ izar, qual sacerdote, a Procissão do Diabo, abrindo-a e fechando-a.
Mais uma vez, grato.
absaam