DELIRIUM TREMENS
[A Edgar Allan Poe]
Para o bom conhecedor das artes da natura
que sabe das monstruosidades que a vida nutre,
não é difícil imaginar que a humana criatura
possa também ter o seu lado de abutre.
Pois minha imaginação, treinada desde tenra idade,
diverte-se constantemente com fantasias banais
onde ora vê os homens com traços de animais,
e ora atribui às feras características da humanidade.
Mas como é assustador perder o controle voluntário
sobre minha imaginação e seu apetite zôo-funerário”
– Noites há em que me toma uma sensação esquisita
e em meu quarto vejo chegar estranhíssima visita
que me amedronta declamando suas pragas ancestrais:
é o negro e maldito Corvo, a repetir: "Nunca mais!"
Antônio Adriano de Medeiros
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