sábado, 17 de novembro de 2012
o namoro de Bibi com Salomão
Meninos, eu vi!
Devo a sobrevivência deste cordel a amiga Soraya Amaral de Araújo, que o guardou consigo nos 15 anos que viveu entre Milão e Londres, e agora nos deu notíciam e nos enviou, dádiva que não tem preço. É sem dúvida um dos meus três primeiros cordéis, acho que é o segundo, que escrevi sabendo que escrevia um cordel; o primeiro, a História de Um Triste Bode, se perdeu para sempre. O leitor atento pode observar que foi neste cordel do namoro que decidi empregar a "pegada da deixa", ou simplesmente "a deixa", essa coisa de iniciar uma estrofe rimando o primeiro verso com o último da anterior, regra inventada por Silvano Pirauá, de Teixeira - PB, parece que ainda no final do Século XIX.Vou aprendendo e alicercando a pegada de deixa pulatinamente.
A política só evolui com amizade e amor, e quando a minha Caicó precisou administrar democraticamente, lá pelos anos 90, o convívio político entre esquerda pragmtática e o velho sábio e bonachão capitaismo sertanejo de centro,eu estva lá, quis deixar registrado - um elogio, uma gesta de dama e cavalheiro - confesso que não totalmente desprovido de ciúmes por ter sido preterido por Bibi. A família do Governador Vivaldo Costa, sempre me tratou com respeito e educação, Zè Leão se referia a mim como dos deuses, Dadá era amigo, Bibi patrão, e mesmo o prefeito eleito atual Roberto Germano - or outro grupo político, vez que os Costa ficaram em terceiro, foi quem foi me buscar num hotelzinho logo quando chegeui a Caicó e já havia side dispensado pelo então prefeito,levado lá pelo até hoje amigo Pacífico Fernandes, sendo o prefeito Manuel Torres, homem bom e honesto, mas na política, rival do Grande Costa. Como as mãos tremiam na hora de servir meu café.
O fato é que precisava de um enredo, um princesa sertaneja pura, cristã, e recatada, e um vaqueiro das lutas ideológicas de seu tempo, Quis um vaqueiro de ideologia da esquerda pragmática e um Herdeira de Fazendas e Gados, antiguidades, segredos, virtudes e diplomas
Precisei escrever o poema para não me alienar nas mentiras políticas, nas intrigas diária sore assuntos desagradáveis e desairosos que cabos eleitorais procuram explocrar e nos envolver. Aé porque vi que pelo bem sa Saude Publica, que já estava se esquerdizando, era desejável o aordo.
Escrevi, mostrei músicos, pintores, alguns jornalistas, e logo Bibi, atual prefeito até Dezembro que era e é meu amigo, me deu o seguinte conselho "Dr. Adriano, você não deve ir procurar Vivaldo falando de poesia, não, que ele não gosta. Vivaldo quer trabalho medico,seu conhecimeno psiquitátrico - poesia, não!"
Compreendi o que era ali, guardei livros e pomas e o banido o tinha dado por perdido reaparece como curiosidade e um certo realismo fantástico nas lendas do rimance Seridó, Seridó da Santíssima Tindade Feminina - Clara, Maria e Santana - Seridó que educa, exige, mas perdoa um pecado de artista porque sabe a amar arte, que o Seridó conhece.
Não é que danado foi guardado, suponho, por amor?
Tanto Rivaldo Costa foi prefeito de Caicó duas vezes, como Salomão Pinheiro o foi de sua Janduís, pelo menos duas vezes; um advogado e empresário da saude, o outro, medico-pisquiatra; Tudo valea a pena quando a almam não é peqeuna.
No poema, Bibi é uma senhora, e Salomão um vaqueiro, ambos jovens, poderosos, e cheios de vida
Obrigado, Caicó!
Abraços,
Antônio Adriano de Medeiros
O NAMORO DE BIBI COM SALOMÃO
Eu pude presenciar
Nas brenhas do meu sertão,
Uma história de amor
Movida a grana e paixão,
Entre a donzela Bibi
E o vaqueiro Salomão.
Bibi era moça velha
Que tinha muito dinheiro,
E o vaqueiro Salomão,
Fama de aventureiro,
E namoraram escondidos,
Pra enganar os beradeiro.
Foi num mês de fevereiro,
Em noite de Carnaval,
Que Bibi pôde avistar
A “Encarnação do Mal”,
Como o chamavam as mocinhas
Que moravam no Curral.
O povoado Curral,
Perto de Santa Luzia,
Vivia festa animada
Em noite de fantasia,
Com o vaqueiro trajado
De “Gabriel Pra Maria”.
Que terrível profecia
Prenunciava a noitada!
À virtude, o que vicia
Preparara uma emboscada,
Porque Bibi se vestira
De “Maria Imaculada”
A donzela tão sonhada
Pelos rapazes direitos,
Dentre os quais se encontravam
Muitos futuros prefeitos,
Permitiu que um vaqueiro
Fosse mamar nos seus peitos...
Os versos só são perfeitos
Se transcreverem a verdade,
E, ao distinto leitor
Digo com sinceridade:
Salomão se embriagou
No leite da virgindade.
Quando o Bloco da Saudade
Adentrou pelo salão,
Bibi sentiu que alguém
Apertara sua mão.
E adivinhem que era!
Ora, claro, Salomão!
Cabra metido a mandão,
Sabia lidar com o gado,
E sem que ninguém percebesse
Que havia-se insinuado!
Mas, eu bem que percebi,
E que ela havia gostado...
Depois Bibi foi pro lado
Mais escuro do salão,
E, como flor que balança
Ao estrondo do trovão,
Estremeceu com o beijo
Que ganhou de Salomão.
Respeito qualquer paixão,
E nunca fui fofoqueiro,
E dali tirei os olhos,
Ao ver o beijo primeiro,
Sacramento de união
Da donzela e do vaqueiro.
Me mandei pro meu terreiro
E fui cuidar do meu gado,
Mas da mente não saíra
O que havia avistado:
A donzela se agarrando
Com aquele cabra safado...
Como eu havia chorado,
Minha mãe, que me quer bem,
Me disse: “Menino Bobo,
Ela não vale um vintém!
Quem se agarra com safado,
Muito safada é também!”
Rezando e dizendo Amém
Me mandou para a cidade,
Pra fazer compras na feira
Onde eu vi a mocidade,
Que a tudo ignorava
Na sua ingenuidade.
Meu coração, sem maldade,
Mesmo morto de ciúme,
Não deixou de a verdade
Na feira viesse a lume,
Mas so pensava nos dois,
Enquanto comprava estrume.
Espero que ele se aprume
E que seja um bom marido,
E que o povo esteja errado
Ao chama-lo de “bandido”,
Salvando assim donzela
De pra sempre ter-se perdido.
Outro dia eu tinha ido
Lá na Casa do Senhor,
E encontrei com Bibi,
Que rezava com fervor.
Quando ela acabou a reza,
Perguntei “E o amor
A moça ruborizou
E sorriu jocosamente,
Dizendo: “É a Jesus
Que eu amo tão-somente!”
E seguimos conversando,
Eu mais atrás, ela à frente.
Mas nem bem passamos rente
À entrada principal,
Vi que Salomão entrava=
Na casa paroquial,
E Bibi já me falava
Em visitar Padre Amaral!
“O coitado está tão mal...
Velho, fraco, e tão doente!
E de mim se despediu
Bem da igreja na frente:
“A conselho do doutor,
Não é bom ir muita gente!”
Eu não sou maledicente,
Mas eis minha opinião:
- Em amor de gente rica
Não é bom meter a mão,
Se Igreja e Medicina
Entram em conspiração!
- Sou matuto do sertão,
Porém mesmo assim eu sei,
Que ninguém não pode ser
Mais real do que o próprio rei,
E onde tem padre e doutor
Também lá está a Lei!
Antônio Adriano de Medeiros
Caicó 1997