Se até o macaco evolui, o pequeno Nanin não poderia deixar de fugir à Lei de Darwin, e também ele procura evoluir, passando dos Escritos Originais para os Religiosos, e agora para Os Escritos Científico-filosóficos de Nanin, ou pelo menos para O Escrito Científico-filosófico, que por enquanto, pelo que soube através da boa mãe daquele pequeno escritor, existe apenas um único exemplar de tais escritos, este a seguir, que trata precisamente do miado do gato.
Pelo fato de O Menino estar muito próximo das Palavras - essas feiticeiras! - ver-se-á que a suposta filosofia científica de tal escrito se baseia primariamente na expressão verbal (!) dos bichanos, reduzindo-se pois toda a ciência e filosofia de Nanin a um jogo de palavras - pelo menos ao meu modo de ver! - mas isso pode ser apenas inveja de minha parte, pois, em minha auto-análise floydiana, tenho percebido que sinto uma espécie de ciúme do Menino, não sei se por conta da criatividade dele, ou se - por que negá-lo? - pelo fato de a sua muito boa mãe nunca ter-se interessado por meus escritos, preferindo sempre os de Seu Menino.
Bom, feitas as ressalvas, vamos à peça rara...
absaam
Pelo fato de O Menino estar muito próximo das Palavras - essas feiticeiras! - ver-se-á que a suposta filosofia científica de tal escrito se baseia primariamente na expressão verbal (!) dos bichanos, reduzindo-se pois toda a ciência e filosofia de Nanin a um jogo de palavras - pelo menos ao meu modo de ver! - mas isso pode ser apenas inveja de minha parte, pois, em minha auto-análise floydiana, tenho percebido que sinto uma espécie de ciúme do Menino, não sei se por conta da criatividade dele, ou se - por que negá-lo? - pelo fato de a sua muito boa mãe nunca ter-se interessado por meus escritos, preferindo sempre os de Seu Menino.
Bom, feitas as ressalvas, vamos à peça rara...
absaam
REFLEXÕES SOBRE A FALA MUI RUDIMENTAR DOS BICHANOS
Acredito ser de todos sabida a imensa simpatia que nutro pelo cão, e para que o presente estudo seja realmente cietífico-filosófico, necessário se faz que faça tal confissão logo de início, pois que poderá parecer ao leitor desavisado que no presente trabalho sobre a fala mui rudimentar dos ardilosos bichanos domésticos, a figura de seu rival na disputa pelo amor do ser humano - a saber o amado e fidelíssimo cão - será como uma sombra que ao mesmo tempo que estimula o bichano a tentar expressar-se verbalmente, serve como modelo da suposta fala - juntamente com a fala humana - e constitui ainda uma ameaça, sendo para o bichano a figura do cão como um rival amoroso ou fraterno na disputa pela atenção e afeto dos amantes ou pais humanos.
Devo porém dizer que tal estudo está muito baseado não só em minha perspicaz capacidade de observação - Sim, sempre soube-me um superdotado, também intelectualmente falando - mas principalmente em leituras científicas que abarcam desde a vida primitiva de hominídeos e lobos quando morávamos em cavernas e éramos caçadores, passando pelo Egito dos deuses animais, e chegando enfim á literatura moderna, mormente ao célebre folheto de cordel A Briga do Cachorro com o Gato.
Ora, não há como negar que nas relações familiares do Homem com os animais domésticos, a amizade e adoração (aqui no sentido afetuoso) do homem pelo cão é a mais antiga, sendo que o bichano chegou bem depois; enquanto a relação do homem com o cão se confunde com a própria autodomesticação do animal no homem, o bichano - esse aproveitador - só chegou ao nosso lar bem depois, quando já havia em nossa casa o conforto e as meninas mimadas (não à toa chamadas por vezes de "gatinhas"), supõe-se que nos enormes casarões do Egito dos faraós. Assim sendo, enquanto o cão é um verdadeiro companheiro do Homem (prefiro escrever "cão" em minúsculas, para evitar confusão com Aquele Outro, você sabe, né? - Daí que bichano ou gato também vem sempre com minúscula, pois que com aproveitadores a gente não pode vacilar), pois bem, enquanto o queridíssimo cão é um verdadeiro irmão em lutas, vitórias e derrotas, o bichano é um mero falso amigo da época do luxo e do conforto, quando o leite e a carne já abundavam - e eventualmemnte os terríveis ratos, que trouxeram-nos também uma outra Peste, além daquela dos bichanos.
Embora não se possa compará-lo a mim em inteligência e aguda capacidade de observação, o filósofo alemão Frederico Nietzsche merece o nosso respeito, pois que ele bem sabia da verdadeira natureza dos bichanos, comparando-os à mulher, "predadores na pele de animais de estimação": eu nunca me enganei com os gatos! Já com a predadora... sim, e se o leitor quer saber, não me arrependo nem um pouco! Sou um menino sabido...
Mas me diga, sábio leitor de bom gosto que me acompanha, se hoje dispomos de potentes raticidas, que utilidade tem o bichano na família humana moderna a não ser o de fazer companhia a meninas mimadas?
Bom, mas voltemos de uma vez por todas ao cerne do presente trabalho científico e filosófico, a saber, a linguagem rudimentar dos melífluos e no entanto tão perigosos e dúbios bichanos:
Em chegando o gato na casa da família humana, ele logo identificou um rival, o bom e fiel cão, e naturalmente sons afetuosos que eram trocados entre os primitivos habitantes da casa grande (não pense que o luxurioso gato iria a casebres!), e logo percebeu que precisava abandonar os grunhidos selvagens e adotar uma linguagem mais doce, ao mesmo tempo que precisava combater, em afeto, um rival, a saber, o cão. Que fez então o astucioso gato?
Ora, inteligentemente o bichano, pérfida criatura, uniu, em uma única expressão verbal, a saber o universalmente conhecido "miau", não apenas um pronome pessoal oblíquo da linguagem humana, o "me" (eu), com o "au" do nunca suficientemente louvado cão, sendo que o "me-au" (essa a forma correta de se grafar a fala rudimentar dos pérfidos bichanos) na verdade quer dizer "Eu sou o cão", sendo que, pela sua fala rudimentar o bichano revela sua natureza ciumenta, beligerante e falsa, querendo nos confundir e se passar por aquele que nos acompanha desde nossa idade mais primitivia. Ele logo percebeu que nossas crianças chamavam ao querido cão de "au-au", e assim disse "me-au", querendo dizer "Eu é que sou o amigo", "Eu sou o au-au", numa palavra, "Eu sou o (verdadeiro) cão!" E talvez o seja, se colocarmos a maiúscula no lugar devido! Mas aí não seria um trabalho científico e filosófico, e nessa briga do cachorro com o gato eu, muito embora tome partido, não posso deixar minha predileção transparecer aqui.
Cabe pois um voto de confiança nos bichanos, e só o faço em respeito a algumas amigas que não sendo meninas mimadas, têm lá uma estranha admiração pelos bichanos. Talvez no "me-au" dos gatos haja algo de louvável, a saber, uma dúvida que acomete a todos os que amam, e assim o "me-au" talvez seja um pedido ou uma interrogação: "Eu também quero ser um au", ou seja, "Eu também sou amado?"; "Eu também sou querido aqui?" Mas faço tal concessão em favor dos pérfidos bichanos de orelha em pé, com um pé atrás, pois em se tratando de bichanos, a gente nunca pode confiar inteiramente.
E tenho dito!
Devo porém dizer que tal estudo está muito baseado não só em minha perspicaz capacidade de observação - Sim, sempre soube-me um superdotado, também intelectualmente falando - mas principalmente em leituras científicas que abarcam desde a vida primitiva de hominídeos e lobos quando morávamos em cavernas e éramos caçadores, passando pelo Egito dos deuses animais, e chegando enfim á literatura moderna, mormente ao célebre folheto de cordel A Briga do Cachorro com o Gato.
Ora, não há como negar que nas relações familiares do Homem com os animais domésticos, a amizade e adoração (aqui no sentido afetuoso) do homem pelo cão é a mais antiga, sendo que o bichano chegou bem depois; enquanto a relação do homem com o cão se confunde com a própria autodomesticação do animal no homem, o bichano - esse aproveitador - só chegou ao nosso lar bem depois, quando já havia em nossa casa o conforto e as meninas mimadas (não à toa chamadas por vezes de "gatinhas"), supõe-se que nos enormes casarões do Egito dos faraós. Assim sendo, enquanto o cão é um verdadeiro companheiro do Homem (prefiro escrever "cão" em minúsculas, para evitar confusão com Aquele Outro, você sabe, né? - Daí que bichano ou gato também vem sempre com minúscula, pois que com aproveitadores a gente não pode vacilar), pois bem, enquanto o queridíssimo cão é um verdadeiro irmão em lutas, vitórias e derrotas, o bichano é um mero falso amigo da época do luxo e do conforto, quando o leite e a carne já abundavam - e eventualmemnte os terríveis ratos, que trouxeram-nos também uma outra Peste, além daquela dos bichanos.
Embora não se possa compará-lo a mim em inteligência e aguda capacidade de observação, o filósofo alemão Frederico Nietzsche merece o nosso respeito, pois que ele bem sabia da verdadeira natureza dos bichanos, comparando-os à mulher, "predadores na pele de animais de estimação": eu nunca me enganei com os gatos! Já com a predadora... sim, e se o leitor quer saber, não me arrependo nem um pouco! Sou um menino sabido...
Mas me diga, sábio leitor de bom gosto que me acompanha, se hoje dispomos de potentes raticidas, que utilidade tem o bichano na família humana moderna a não ser o de fazer companhia a meninas mimadas?
Bom, mas voltemos de uma vez por todas ao cerne do presente trabalho científico e filosófico, a saber, a linguagem rudimentar dos melífluos e no entanto tão perigosos e dúbios bichanos:
Em chegando o gato na casa da família humana, ele logo identificou um rival, o bom e fiel cão, e naturalmente sons afetuosos que eram trocados entre os primitivos habitantes da casa grande (não pense que o luxurioso gato iria a casebres!), e logo percebeu que precisava abandonar os grunhidos selvagens e adotar uma linguagem mais doce, ao mesmo tempo que precisava combater, em afeto, um rival, a saber, o cão. Que fez então o astucioso gato?
Ora, inteligentemente o bichano, pérfida criatura, uniu, em uma única expressão verbal, a saber o universalmente conhecido "miau", não apenas um pronome pessoal oblíquo da linguagem humana, o "me" (eu), com o "au" do nunca suficientemente louvado cão, sendo que o "me-au" (essa a forma correta de se grafar a fala rudimentar dos pérfidos bichanos) na verdade quer dizer "Eu sou o cão", sendo que, pela sua fala rudimentar o bichano revela sua natureza ciumenta, beligerante e falsa, querendo nos confundir e se passar por aquele que nos acompanha desde nossa idade mais primitivia. Ele logo percebeu que nossas crianças chamavam ao querido cão de "au-au", e assim disse "me-au", querendo dizer "Eu é que sou o amigo", "Eu sou o au-au", numa palavra, "Eu sou o (verdadeiro) cão!" E talvez o seja, se colocarmos a maiúscula no lugar devido! Mas aí não seria um trabalho científico e filosófico, e nessa briga do cachorro com o gato eu, muito embora tome partido, não posso deixar minha predileção transparecer aqui.
Cabe pois um voto de confiança nos bichanos, e só o faço em respeito a algumas amigas que não sendo meninas mimadas, têm lá uma estranha admiração pelos bichanos. Talvez no "me-au" dos gatos haja algo de louvável, a saber, uma dúvida que acomete a todos os que amam, e assim o "me-au" talvez seja um pedido ou uma interrogação: "Eu também quero ser um au", ou seja, "Eu também sou amado?"; "Eu também sou querido aqui?" Mas faço tal concessão em favor dos pérfidos bichanos de orelha em pé, com um pé atrás, pois em se tratando de bichanos, a gente nunca pode confiar inteiramente.
E tenho dito!
Nanin (*)
(*) Sempre com a colaboração do fiel amigo
Antônio Adriano de Medeiros - Titular absoluto deste Blog!