sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Francisco de Assis, o santo com alma de criança



Em minha pequenez microscópica, microbiana, faço também minhas leituras religiosas, e tal qual entre os médicos me saiba o menor, como também entre os poetas, quando fico próximo a um desses pregadores oficiais da Palavra - com exceções, reconheço - a um desses santos homens de Deus, minha reles existência microbiana microscópica adquire dimensões virais, ou mesmo sub-atômicas (perdão também pelo hífem). 

Claro, talvez haja aí uma pequena dose de pimenta sarcástica, até porque sei que "Vaidade das vaidades, tudo é vaidade, e a suprema vaidade é não querer ter vaidade..." (Eclesiastes). Ou seja, aquele que diz não ter orgulho nenhum, na verdade tem o orgulho dos santos, é o mais vaidoso dos vaidosos. Mas entra aí a poesia para além da moral, e vem o mais augusto dos anjos e diz que:

"O homem, que nesta terra miserável, 
mora entre feras, sente inveitável 
necessidade de também ser fera."

È preciso usar as armas certas, pois, e o mimetismo ás vezes é a mais adequada.

Porque todos homens, e muito bons, todos são grandes médicos, todos são excelentes poetas, todos são uns santos homens...

Mas aí vem um homem chamado Giovanni di Pietro di Bernardone, mais conhecido como Francisco de Assis, um por ser francófilo, admirador dos franceses, outro por ter nascido na cidade italiana de Assis, e embaralha tudo. Por que teria Francisco tentado ser mais humano, mais santo, mais puro, como se s sua alma permanecesse sempre algo de uma imorredoura criança?

Nos Novos Escritos de Nanin, da fase adolescente do Menino, a temática dos escritos se torna a poesia moral, numa palavra, o que chamam de religiosa. Por ter eu recebido a educação católica, e por julgar um pouco estranha (na falta de uma palavra melhor) hoje em dia se ficar mudando de religião tal qual um macaco que fica pulando de galho, permaneço, por pretensa educação e civilidade, professando o Credo. 

No íntimo, porém, procuro enriquecer a alma com leituras da Cabala Judaica, respeito a caridade e a filosofia dos espíritas, e aprendo ainda com a história do protestantismo, respeitando sobremaneira a Igreja Presbiteriana; o dualismo do Bem e do Mal de Zaratustra e de Mani também têm minha admiração e meu respeito. Tudo isso ainda complementado por interpretações laicas, para não alienar-me totalmente num misticismo de Mula Sem Cabeça.

Simples, não?

Fato é que sempre nutri uma curiosidade muito grande pela história de São Francisco de Assis, fiz umas buscas históricas, relacionei o que descobri com algum conhecimento cabalístico e cristão, ameninei tudo de acordo com o tamanho de um Nanin adolescnete, e daí resultou São Francisco e o Santo dos Santos - "O santo dos Santos" - Para sempre louvado seja! - é como os cabalistas de verdade se referem ao Processo Criador, que as almas mais simples precisam personificar e os gregos, humanistas de primeira hora, deram o nome de Deus.

Hoje, Dia das Crianças, deu-me uma vontade danada de postar São Francisco e o Santo dos Santos neste modesto blog, sendo que O Açude de Nanin ficaria ainda alguns dias em sua capa, ou primeira página, não houvesse uma causa mais nobre.

absaam



NOVOS ESCRITOS DE NANIN


Escritos Religiosos de Um Bom Menino




XV





FRANCISCO DE ASSIS E O SANTO DOS SANTOS



                                                            “Ó Mestre, fazei com que procure mais...”


Teria sido ainda uma brincadeira do Criador
o fato de São Francisco ser de Assis?

O que seria que O Santo dos Santos – Isso a quem chamam de Deus –
nos queria dizer quando permitiu que tal epíteto
fosse dado aquela dedicado caçador de Si – diria também de Deus?

Porque certamente o Santo dos Santos conhece
todas as Línguas faladas pelo homem
e não teria sido por acaso que fosse ser logo
na cidade italiana “de Assis” que o francófilo
Giovanni di Pietro di Bernardone fosse nascer,
porque ele não permaneceu “sentado” no Trono
que lhe era de direito por nobreza ou por sacerdócio:
antes decidiu levantar-se e sair, completamente nu,
para irmanar-se com toda a criação do Altíssimo.

Ao leitor pequeno como este pretenso escritor
explico: “Assis”, cidade italiana onde nasceu Giovanni,
é a mesma palavra que em francês significa “sentado”.

Daí que Francsico de Assis poderia ser traduzido por
Francisco do Sentado...

Mas Francisco de Assis não era dos que sentavam:
o rico filho da francesa Pica e do italiano Pietro
era alma inquieta: até em guerra lutou na juventude
antes que ouvisse a Voz da Revelação e decidisse
criar a sua Ordem.

O Papa não recebeu bem a Francisco e seus irmãos:
mandou que fossem pregar aos porcos!
Enlameado que fora num chiqueiro de suínos, retornou
Francisco à presença do Sumo Pontífice
que, talvez por identificar-se com aqueles
a quem Francisco chamou de “irmãos porcos”,
dessa vez aceitou a ele e seus irmãos e deu a permissão
para que fosse criada a Ordem.

Dizem as más línguas – sempre as há! – que a Santa Igreja
não via com bons olhos a estranha figura que se irmanava
a pobres e leprosos, bichos e árvores, astros e rios,
e toda a criação do Santos dos Santos, mas, verdade seja dita,
ela nunca o apedrejou como o fizeram os habitantes de Assis
quando Francisco lhes falou da Revelação, dizendo-o um louco!

Pelo contrário, embora a alguns sacerdotes a estranha figura
realmente carecesse um pouco de juízo – como abandonar
a pompa e circunstância dos eleitos do Pai, certas carnes
cheirosas e macias, para ir viver entre pobres e bichos? –
pois bem, mesmo assim a Santa Igreja o canonizou
apenas dois anos após a sua morte.

O que dera em Francisco, meu Deus?

A mim, mísero e pequeno mortal, explicar não consigo
tal Mistério, tal Revelação, tal Metamorfose.

Mas examinemos um pouco o que ele buscava e, sobretudo,
o relacionamento que mantinha com o Santo dos Santos:
sem dúvida que Francisco andou bem perto Dele
– Ou Disso a quem os gregos deram o nome de Deus –
porque o santo homem que alguns consideram
o precursor da Renascença sabia que ninguém
conhecia tudo a respeito do Santo dos Santos, e ainda mais
do que ninguém antes – eu disse “Ninguém”! – soubera
amar verdadeiramente toda a Criação.

Dessa froma, se poderia até pensar que talvez
aquele Homem de Assis fosse mais filho do Santo dos Santos,
do Criador, do que aquele tido como O Legítimo...

Mas em sua humildade, Francisco declinaria,
e se diria apenas complementar, acredito.

Talvez por isso o Santo dos Santos o tenha poupado:
sem dúvida que o Criador amava Francisco
mais do que qualquer mortal que antes andara sobre a Terra:
não exigiu o sacrifício de sua vida, permitiu
que o santo homem tivesse morte natural,
lhe concedendo tranquilamente acabá-la.

E teria sido fácil ao Santo dos Santos sacrificar Francisco:
bastaria ter feito com que ele tivesse nascido um pouco depois
que o estranho homem decerto teria sido
acusado de heresia e queimado em uma das muitas fogueiras
que arderam para a purificação de almas
que não aceitavam ficar sentadas no Trono
e saíam pelo mundo a irmanar-se com toda a criação,
sempre procurando mais por Isso a quem chamamos de Deus.

E decerto Francisco, o mais santo dos assim chamados santos,
andou bem perto Dele, mas era modesto e bom e simples,
e não teve sequer a ousadia que outros tiveram
de buscarem para si um parentesco direto
com o Santo dos Santos – Isso a que chamamos de Deus,
mas que com certeza não tem a forma humana.

Louvado seja para sempre o irmão Francisco,
o melhor e mais puros de todos os cristãos,
o mais santo dos santos do Santo dos Santos!

Amém!



                Nanin,
                um outro, o mesmo Antônio Adriano de Medeiros