segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A Guia da Paz


A águia talvez seja o animal mais usado em efígies de poder, bandeiras e símbolos de guerra, a paz ficando sempre com uma inofensiva pomba, prima talvez daquilo que representa o que a ideologia cristã chama de Espírito Santo, o que desce até o homem - aprendi que tem outra ideologia que fala não de uma Trindade, mas sim de uma Quaterna, sendo o Criador duplo, Macho e Fêmea, depois o tal Filho (a Perfeição, o homem só chega até aqui), e Aquilo que desce para permitir a ascenção da criatura humana -. Embora a grande pomba seja capaz em seus vôos de cobrir grandes distancias e voltar, seu vôo é sempre baixo, nunca alcançando altitudes condoreiras, e acredito que a Poesia não esteja satisfeita com vôos baixos. Por outra lado Mãe Águia, embora mate inimigos, creio me disse recentemente que estava enjoada e enojada dos homens da guerra, e queria também ser símbolo da Grande Paz, da Paz da Águia.

O que a Águia da Poesia me disse também - e é essa a idéia do presente soneto - foi que fazer poesia não deve ser meramente um ato fisiológico, como comer, transar, ou outros atos que as normas sociais impõem serem feitos longe dos olhos. Ou seja, que a Poesia deve ser uma das formas pelas quais o homem deve esforçar-se para atingir a tal da Perfeição.


ÁGUIA DA PAZ

A águia inda com dor saiu do ninho
num võo solitário para o alto,
mas lá em baixo viu, com sobressalto,
um poema no meio do caminho
oculto estre pedras espinhos.
Armando o seu golpe infalível,
com fome, precisão, e com carinho,
foi buscar sua caça imperecível.
Logo o Diabo, velho feiticeiro,
faz surgirem falsas miragens vivas
de caças rechonchudas, nutritivas.
Mas, em um golpe rápido e certeiro,
a águia desce com perfeita calma
e colhe o alimento para a alma.

Antônio Adriano de Medeiros
fev - 2011

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