sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Poesia em traje de gala

thejewishbride, imagens do Google

O Soneto (do italiano sonetto, pequena canção, ou, ao pé da letra, pequeno som, sonzinho) classicamente tem catorza versos; o soneto latino, ou italiano, desenvolvido por Petrarca, tem dois quartetos e dois tercetos; o soneto inglês, desenvolvido por William Shakespeare, tem doze versos e um distico, ou pra quem prefira três quartetos e um dístico; há ainda quem fale de um soneto monostrófico, de uma estrofe única, mas não vejo diferença de tal soneto com relação ao inglês quando o mesmo termina em um dístico, pois Shakespeare não separava os quartetos.

O Soneto pode ainda ter mais versos, de um a três, chamados tais versos de estrambote, falando-se então do soneto estrambótico.

Devido aos excessos formais do Parnasianismo, modernistas e pós-modernista, alguns respeitáveis, criticaram e zombaram do Soneto, e a anárquicos acéfalos e porraloucas em geral chegaram a decretar a "Morte do Soneto" (!). Mas, no Brasil, poetas do nível de Manuel Bandeira e Vinicius de Morais cultuaram os catorze. Talvez tenha sido Augusto dos Anjos o poeta brasileiro que mais escreveu sonetos respeitáveis.

Geralmente a quantidade de sílabas poéticas dos versos de um soneto é dez ou doze, mas isto já não é assim tão obrigatório.

O Bardo, "o Poeta", é como alguns se referem a William Shakespeare.

TRAJE DE GALA

Seria no mínimo deselegante
que se mostrasse, inda que bela, nua
a Poesia, ou fosse para a rua
trajando feias vestes aberrantes.
Só mesmo um verso muito ignorante
ou parvo, ou vil, ou louco, ou de mau gosto
para ocupar o seu tão nobre posto
mal vestido ou sujo - extravagante!
Cabe ao poeta - Estranha criatura! -
que a versos quer vestir com precisão
aperfeiçoar-se na alta costura
com régua, tinta, traço e coração.
E o traje de gala quem o fez
foi o Bardo, com o soneto inglês.

Antônio Adriano de Medeiros
fev - 2011

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