segunda-feira, 8 de agosto de 2011

as meninas


Rosa e Azul - Auguste Renoir

Confesso que essa minha preocupação de não deixar aqueles pobres meninos sozinhos mais uma vez foi provocada por um poema que não consegui escrever ainda, só tive o sentimento dele, não consegui ainda passar aquele sentimento para uma construção poética á altura do mesmo. Mas, como fazia tempo que os dois meninos dos dois últimos sonetos postados, o (inspirador) morto e o aborto estavam sozinhos aqui no blog. decidi buscar outras meninas para lhes fazer companhia. São poemas que escrevera tempos atrás. O primeiro é da safra nanin, o menino que escreve poemas de gente grande. Já o segundo... Bom, o soneto das confissões da filha única é um poema politicamente incorreto. Além de tratar do incesto de pai e filha, o soneto termina com uma frase que põe em xeque uma das mais fundamentais instituições da civilização humana, o aleitamento materno. Mais não devo dizer, até porque assim agindo deixaria aqueles infelizes meninos mais tempo sozinhos, e eles merecem as companhias. Afinal, como certamente diria Nanin, antes uma menina má do que nenhuma menina...

absaam

AS MENINAS

Elas são muito delicadas e choram
demais, mas a delicadeza delas é coisa
de pele, também. E são mais leves
e, quando a gente tem vontade
de brigar com uma menina,
se abraçar ela sente uma coisa muita estranha
e passa a vontade de brigar;
isso aconteceu comigo
no dia em que briguei com Zeca,
e Silvinha, irmã dele. veio defendê-lo
e eu a agarrei: senti a coisa estranha.

Não é bom que elas saibam disso
porque aí se aproveitam da gente, mas parece
que já sabem. Não sei quem contou:
eu nunca disse a ninguém!

Elas também gostam muito de dançar,
e quando é epoca de Quadrilha no colégio
eu também gosto e danço com todas,
embora tenha minhas preferidas,
e é melhor dançar com elas que com as outras.

Gente grande não pode dançar Quadrilha
porque é presa e sai na televisão.

Sim, as meninas têm um cheiro diferente
dos meninos, e os cabelos são maiores
e mais delicados e cheirosos também.
Acho as roupas delas mais bonitas,
mas nem precisavam se vestir tão bem
pra serem bonitas: nuas, também são.

Nanin.
(por Antônio Adriano de Medeiros)

CONFISSÕES DE UMA CURIOSA FILHA ÚNICA

Confesso que, desde a mais tenra idade
- essa é a lembrança mais remota minha -
sempre tive muita curiosidade
em saber o que era aquilo que papai tinha...
Um coisa macia que parecia tornar-se maior
sempre que ele, de pé, me abraçava,
e todas as vezes que em seu colo me sentava
e ficávamos trocando mil beijinhos de amor.
Certa noite em que mamãe tinha saído
e que estávamos só nós dois numa rede a balançar,
eis que ele então mostrou-me o brinquedo proibido
ensinando-me, com carinho, como o poderia usar.
- Ai, que aquele néctar que em minha boca escorreu
foi melhor que todo o leite que a minha mãe me deu!

Antônio Adriano de Medeiros
1991

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