quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

caboclo brabo


CABOCLO BRABO

Às vezes de repente eis que baixa o cabôco.
E ele canta e dança e batuca, assovia.
É um bicho esquisito e talvez meio louco
- Só não vá lhe dizer que ele faz poesia!
Porque aí já periga de você levar soco,
que o cabôco se enfeza e vai pra baixaria.
- É parente de Exu, o velho arranca-toco:
baixa santo e enterra à plena luz do dia!
O seu canto é selvagem, é canto de guerreiro,
de pajé, pai-de-santo ou véi catimbozeiro.
Eu só sei que poesia o índio nunca faz,
e se zanga, e quer briga e vira o Satanás:
pois o índio é assim, um cabôco enfezado...
E poesia pra ele é coisa de viado!

Antônio Adriano de Medeiros