terça-feira, 6 de março de 2012

me irmanando com a paisagem de Natal

dunas de Genipabu - Natal - RN



"Desde menino que eu vinha da Paraíba..."

Na verdade, o meu caso com a cidade do Natal é um pouco mais tardio, da bela juventude. Vez que fui estudar em Recife aos 16 anos, e vim para João Pessoa com 19, Natal ficara reservada como uma cidade festiva, e sempre que lá chegava entrava num clima de festa, o que, pela beleza da cidade e sua natureza turística, é bem natural e verdadeiro.

Assim sendo, trabalhar em Natal para mim é unir o útil ao agradável, e eu me sinto mais em casa lá que na minha Paraíba nativa.

Se você vem do mar logo percebe que o bom vento fortificou a cidade, erigindo dunas que erguem um paredão natural que protege a cidade, desde o Parque das Dunas até a duna gigante de Genipabu. E muito embora aqui nesse primeiro poema eu diga que são dunas desérticas, na verdade é só a aparência, pois também sob a areia das dunas fervilham pequenos seres, os siris principalmente. Mas naquele dia em que me deitei numa rede após uma orgia com vinho e camarões, lembrei das bacantes, as belas, safadas e sedutoras criaturas que seguem o deus do vinho, Baco - em grego Dioniso - e lembrei que tais seres eram representados em mim por bactérias da fermentação intestinal, e quiçá vermes maiores.

Ah, ia esquecendo de dizer que meteorismo é o aumento do volume abdominal por acúmulo de gases, e após a ingesta de vinho ou cerveja, é bem considerável. Feijoada? Genipabu!

Vale um bônus, a louvar a bela e boa juventude, tão cheia de vida também.

Ahhhhhhhhhhhhh!

absaam


METEORISMO EM NATAL

Da rede fito o horizonte,
lá onde a lua desponta
após a imensa duna
fria e fofa
desenhada por minha barriga.
Tal qual as outras,
também uma duna erigida pelos ventos,
fermentações dos seres da Corte de Baco.
Mas são tais seres que a diferenciam das outras;
não uma duna desértica:
a minha duna é o céu de uma cidade de vermes.


Antônio Adriano de Medeiros


bônus


TESOUROS DA JUVENTUDE

Quando a vida é um arco-íris,
ao final de cada dia
sempre há um novo poema.

À noite o pinto sempre quer
cantar de galo.

Ao amanhecer a grande ave de luz
sobe aos céus,
abrindo a imensa cauda de pavão.


Antônio Adriano de Medeiros

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