quarta-feira, 17 de março de 2010

Um Crônico de Hospício


Há quanto tempo ele repete tal rotina,

espectro a vagar por longos corredores?

Alguém já lamentou a sua triste sina?

Que poeta cantou as suas grandes dores?



Foi criança e sonhou, os anos de estudo...

Na juventude teve uma secreta paixão;

porém não lembra mais tempos de cabeludo,

nem noites de luar ao som de um violão.



O rosto é uma máscara, espelha a apatia.

Se alguém vem lhe falar de arte e poesia,

a boca vai cuspir um comentário irônico.



Sua mente morreu trancada no hospício.

Vontade de viver pra ele é mero vício.

- Retrato, bom leitor, um psiquiatra crônico.

Antônio Adriano de Medeiros
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*A tela que ilustra o poema, é obra de Enio Sergio, ex-interno do Centro Psiquiátrico do Engenho de Dentro,faz parte do acervo do Museu de Imagens do Inconsciente, fundado por Dra. Nise da Silveira .

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