Asclépio, deus da Medicina, o original grego, com o Bastão e a Serpente.
Bom, então um bom dia a todos.
Pois é, vamos prosseguindo, hoje tem um link musical sugerido, Agnus Sei, com João Bosco, letra do psiquiatra (heterodoxo) Aldir Blanc.
http://www.youtube.com/watch?v=wxb0nTVZHvg - só copiar e colar. Fica melhor a leitura, aberta a página do youtube em outra janela.
18 de outubro é o Dia do Médico. Naturalmente que os poemas eventuais dissertarão sobre coisas afins.
Estando, pois, adoentado, e abraçando livremente o malsão, tomei o teclado, e deixei que primeiro um certo mal que - decerto por alguma atração estranha, mas que respeito - resolveu hospedar-se em meu já, ortodoxamente, não mais assim tão interessante corpo. São os diários de um mieloma múltiplo - este o mal que acomete, mas que está sendo enfrentado com a sagrada e sábia, amiga competência, de pessoas homens reais. Se virão mais escritos da verve de mi eloma? O prazo hipotético de tratamento, com prognóstico bom, é de uns seis meses; três de química, uma cirugia após 30 dias de descanso, e a observação posterior. Daqui pra lá, espero cnfesso que até desejo, agora, que mi eloma volte a falar. Escrever, digo. Quando ele fala eu não gosto muito.
O segundo poema é sobre Asclépio, em Roma Esculápio, deus da medicina grega- Asclépio e a herança do Centauro. As seguintes informações são recomedáveis: "Existem várias versões de seu mito, mas as mais correntes o apontam como filho de Apolo, um deus, e Corônis, uma mortal. Teria nascido de cesariana após a morte de sua mãe, e levado para ser criado pelo centauro Quíron, que o educou na caça e nas artes da cura. Aprendeu o poder curativo das ervas e a cirurgia, e adquiriu tão grande habilidade que podia trazer os mortos de volta à vida, pelo que Zeus o puniu, matando-o com um raio. O seu culto disseminou-se por uma vasta região da Europa, pelo norte da África e pelo Oriente Próximo, sendo homenageado com inúmeros templos e santuários, que atuavam como hospitais. A sua imagem permaneceu viva e é um símbolo presente até hoje na cultura ocidental." Corônis, a a mãe mortal, e"ngravidou de Apolo, e ele colocou um corvo de guarda, porém Ischys , filho de Elatus deitou-secom ela. Zeus matou Ischys com um raio, e Apolo matou Corônis, retirou Esculápio do seu ventre e o criou. O castigo para o corvo foi ser transformado de branco para preto. ( informações aspeadas da wikipedia). Quíron, o mestre de Esculápio na Arte de Curar, sendo um centauro, era metade cavalo, metade homem.
O Credo Hipocrático é uma profissão de fé que médicos e pessoas cultas saberão apreciar, baseado no Credo Católico. Um poema de que gosto muito e - confesso! - releio de vez em quando.
De forma que, estando relendo a Odisséia, - Saborosa, em versos bem traduzidos, Carlos Alberto Nunes; deixei Helena e Menelau em seu castelo de esparta recebendo o filho de Odisseu, e já me encontro com o velho Ulisses aprisionado por Calipso; só depois tapará com cera os ouvidos de seus marinhieors, mas são seus próprios, amarrado ao mastro da nau, fará toda a questão de ouvir o sedutor Canto das Sereias - pois bem, estando lendo a saga de Ulisses, Odisseu, veio-me á lembrança hoje o soneto Sirena, poema de recém formado, ainda com as tintas da academia coladss nas costas, poema iracundo, mas que fez parte de minha verve, precisei escrever, e não é um mau poema, a começar pelo trocadilho com sirenas e sirenes, que além de Sereias, se referem ao sempre nobre, respeitável e respeitado, canto das ambulâncias.
absaam
diários de um mieloma múltiplo
Ele hoje até que acordou melhor, tão cedo.
Depois vai escrever sobre aqueles...
As
dores chatas nas costas, costelas, na colouna lombar descendo na perna
esquerda, quase cessaram, agora. Deixou de arrastar uma perna como o faz
o Diabo, pedro-botelho, devido ao pé de bode que possui, o outro, o não
muito visto.
Certamente a megadose de dexametasona, mais aquele já pra Gota,
acalmaram os ossos onde estou morando, na essência, no núcleo, lá onde nasce o rio que corre. Mas não quero - não é minha primeira, meu propósito, diria até
minha missão é outra - oh, não quero matá-lo... Acredita que ainda
gosto de seu sorriso?
O filho enfermiço é ainda jovem, mas eu estou morando lá. Eu também
existo! Que saiba, pois, me levar a sério, fazer o sacrifício conforme as
normas precisas ancestrais, ele deve saber, do contrário a Moira Negra
agirá. E depois serão vãos os apelos de quaisquer um dos numes eternos.
Vamos ver se ainda há sangue que presta ali. Bom, dei uma
desarrumada na morfologia química, trouxe elementos extremamente
originais, células preguiçosas, outras agressivas, outras ainda outras,
carregando enfim baldes e baldes de um sangue definitivamente corrupto
para percorrer os labirintos vermelhos das catacumbas jardins do caminho, leito, ora largo, ora tão estreito, daquele perfeito e sinuoso caminho
por onde flui a água, água que nutre e salga, vermelha, e sagra, e que
também sabe sangrar.
Eu sou a doença.
Ele me esparava, ele sabia que eu viria, ele
já se preparava, ele dizia o que queria, o sangue ruim!, ele já se
preparava... Os atos, as omissões, suas tão grandes putas. Eu agora
apenas cheguei definitivamente, e exigo um antídoto à altura, não aceito
misturas com impurezas quaisquer, mesmo as mais sutis. A não ser aquilo
contra o que não posso lutar, as impurezas que destroem meu rebanho
malsão de células idiossincaticamente originais, as impurezas
salvadoras, medicamentos - medo, e cá minto quando digo que não quero
levá-lo, na verdade temo, conheço, já sei, do poderio de certas medidas
terapêuticas, as físicas, as químicas, as mecânicas.
Quem mais respeita as drogas são as doenças. Sabemos o que fazem conosco. E sabemos muito bem podemos fazer com algumas delas.
Mas
agora o dileto enfermiço tem mais o que fazer, está em seu estado
natural. Precisa crescer, pra se multiplicar. Eu mexi no âmago, eu buli
na quintessência, passei a mão na bunda da alma onde medra o corpo.
De certa forma, quem está doente levou um tapa na cara. E algumas
vezes ao dileto enfermiço se deseja a lucidez de perceber de que precisa
dar a outra face.
mi eloma
Antônio Adriano de Medeiros múltiplo
DIÁRIOS DE UM MIELOMA MÚLTIPLO
João Pessoa, 18 de outubro de 2012
ASCLÉPIO E A HERANÇA DO CENTAURO
Por ignorar que não se trai um deus
morreu Corônis. Estando ainda grávida
de Apolo, uniu-se a um mortal. O deus
matou-a. Todavia, antes que a pira
funerária a transformasse em cinzas,
extraiu de seu ventre o filho Asclépio
e o entregou a Quíron: só este poderia
instruir o jovem sobre a arte médica,
pois era meio cavalo e meio homem.
Logo o discípulo superou o seu mestre
na arte de curar, mas com o sangue
da Górgona deu de ressuscitar os mortos.
Eis que Zeus, cioso da ordem no mundo,
fulminou Asclépio com os seus raios.
Vingou-se Apolo matando os Ciclopes.
Morto Asclépio, numa constelação
se tornou - chamada de Serpentário.
II
Seus filhos e herdeiros, asclepíades,
invocando os deuses e a magia
prosseguiram seu cruento trabalho
entre pranto, gritos de dor e os cheiros
terríveis de placenta, urina e fezes.
Até que um deles, chamado Hipócrates,
rompeu com o templo e a feitiçaria
e começou a praticar a velha cura
agora baseada em fatos naturais,
podendo assim ser melhor ensinada a outros.
Mas há que ser forte para suportar
aquele ensinamento e sua álgida prática,
coisa de seres meio cavalos, meio homens.
O fio da navalha é que
se há que ser um dos hipócrates,
sem perder a quíronmancia jamais.
Antônio Adriano de Medeiros
Out - 2010
CREDO HIPOCRÁTICO
Creio no Diagnóstico todo-poderoso
– norteador de quem acerta ou erra –
e na Terapêutica, sua dileta filha,
nossa senhora, que foi concebida
pelo poder químico das plantas,
nasceu da feitiçaria,
foi mistificada, muito criticada;
desceu aos espíritos dos mortos,
ressuscitou com a microbiologia
que ergueu seus véus,
e está assentada em Tratados sempre novos.
Creio no estudo, tanto,
da laica Igreja de Hipócrates,
na comunhão dos nem sempre santos,
na remissão dos pecados da análise eterna,
e no Bem!
Antônio Adriano de Medeiros
SIRENA
Eu nunca compactuei com a mediocridade médica:
desde os tempos acadêmicos
desprezo seus cérebros anêmicos,
e ridicularizo a sua pose tão patética.
E nem podem julgar minha postura antiética:
a Arte tem a liberdade dos esquizofrênicos,
despreza a falsa moral de telencéfalos astênicos;
a soberana na Arte é só a Estética.
Muito tem-me afligido conviver com certas criaturas
que parecem nutrir-se sempre à beira das sepulturas:
A horda de crápulas sedenta por benesses
alimenta-se do câncer, da dor, da úlcera, dos estresses...
- Ulisses moderno resiste ao canto das Sirenas
que transforma alguns médicos em urubus e hienas.
Antônio Adriano de Medeiros