sábado, 14 de agosto de 2010

DANÇA ESPANHOLA



DANÇA ESPANHOLA

Aquelas pernas ágeis,
belas e precisas pernas
habituadas á dança flamenca,
já não querem imolar touros na arena
pois agora sabem como encantar o mundo
no palco onde antes reinava o samba:
brincando com uma bola.

Foi depois do tiro fatal
que deram nos holandeses
na Guararapes da África.

E do goleiro se recusando
a receber sozinho a taça,
e da explosão de alegria
de um time e de um povo inteiros.

E do beijo do capitão na amada,
capitão vitorioso que teve a grandeza
de curvar-se perante algo maior,
estufando as redes de televisão
e a bola pulsante no peito da humanidade.


Antônio Adriano de Medeiros


Interessante que a Poesia ás vezes pode ser dita (escrita) de forma simples, sem rebuscamento.
Já vi o Brasil ganhar três copas (a de 1962 não conta, tinha eu só quatro meses de idade), e não posso deixar de louvar a beleza do gesto de Casillas obrigando Joseph Blatter, presidente da Fifa, a ir até ele entre todos os jogadores para que recebessem todos juntos a Copa do Mundo.

Comparando-se a cena com a protagonizada por Cafu em 2002, quando quis erguer sozinho a Copa e ainda sobre uma mesa à guisa de pedestal, dá muito o que pensar.

Como sou um poeta listeiro, tive a alegria de ver o poeta recifense Walter Cabral de Moura comentar meu escrito, com nota pertinente sobra a Batalha dos Guararapes, esse mesmo Walter aí do lado louvando nosso modesto blog. Por isso, acrescento seu comentário ao escrito:

"Gostei deste poema, caro amigo AAM,
assim como tenho gostado de vários outros de sua exuberante lavra, e se outros comentários não tenho feito é porque nem sempre calha.

Deste chamou-me a atenção sobretudo a comparação que faz, com relação aos holandeses, da África com os Guararapes :)

Sendo provável que nem todos aqui conheçam o significado desta última palavra, tomo a liberdade de explicar que se trata do monte, nos arredores da cidade do Recife, onde os holandeses foram definitivamente derrotados em combate, pelos luso-brasileiros, em janeiro de 1654, o que os levou a capitular, encerrando a aventura de 24 anos levada a efeito, no Nordeste do Brasil, pela Companhia mercantil das Índias Ocidentais. Foi o Waterloo dos batavos, digamos assim.
Por essa ocasião, seu domínio reduzia-se ao Recife, onde finalmente entrincheiraram-se, após sucessivas expulsões de territórios anteriormente conquistados. No auge de sua expansão, controlaram um território que se estendeu desde a margem norte do rio São Francisco (Penedo) até o Maranhão (São Luís).

Tendo expulsado os holandeses praticamente sem ajuda do rei, e devolvido-lhe fielmente o território, os barões do açúcar e comandantes pernambucanos passaram a dizer-se súditos de Sua Majestade por opção política, e não por obrigação. Essa ingênua presunção viria a custar-lhes muito caro - ou aos seus descendentes - cerca de 60 anos mais tarde, por ocasião da chamada Guerra dos Mascates, que entre 1710 e 1715 misturou nativismo e luta de classes no Brasil colônia, contrapondo "nobres" olindenses a "mascates" reinóis que habitavam o Recife, e que terminou com a morte, na cadeia do Limoeiro, em Lisboa, de vários dos principais do partido de Olinda.

Mas essa já é uma outra história, que tem a ver com os holandeses apenas ter sido talvez o último desdobramento de sua chegada a estes trópicos.

Grande abraço,

Walter"


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