sexta-feira, 8 de julho de 2011

os ossos não traem


Experiência rara a que sempre me esquivei é contemplar os ossos dos entes queridos que se foram, quando de um enterro familiar, onde se abre o túmulo. Esquivei-me até hoje não por temor, mas por um sentimento que não sei definir direito. Eis que agora me deu grande vontade de contemplá-los: é bom saber que eles ainda estão ali. E é como se aqueles ossos me tenham falado esse poema, com a participação de um raro poeta de um morro carioca. absaam



OS OSSOS NÃO TRAEM
"as rosas não falam"
Cartola

Volto, outra vez,
a teu túmulo - Oh, meu coração! -
Os meus olhos teus ossos verão, enfim.

Volto ao jardim
onde um dia - era noite - a chorar
eu deixei meu amor a sonhar sem mim.

Vejo teus ossos... Quanta saudade!
Os ossos não traem:
somos rochas que brilham e que caem
no silêncio da Noite sem fim.

Sei que vou vir
com meus ossos juntar-me aos teus
quando a vida - essa obra de Deus -
ruir.

Antônio Adriano de Medeiros
jul - 2011



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