quarta-feira, 13 de julho de 2011

palimpsestos


O gentil leitor, a encantadora leitora já o sabem, mas podem ter esquecido que palimpsesto (do grego que significaria "riscar de novo") designa um velho pergaminho, ou papiro, que teve seu texto original apagado para permitir que se escrevesse outro texto por cima. Ás vezes é possível resgatar o texto original.

Nesses dois pretensos poemas a ideía de palimpsesto é diferente: permitem uma releitura do que foi dito a princípio. No primeiro, realmente chamado "palimpsestos", a releitura é o próprio criador, poeta, quem a faz: ele vai se civilizando. Já o segundo poema, "a bem soar", é um palimpesesto pela sonoridade, ou pela forma de se escrever as palavras, ou ainda pela pontuação. É possível uma releitura de cada verso e de todo o poema, desde o título, e as palavras dirão outra coisa que não o que está escrito, ás vezes só com a sonoridade, outras tirando-se acentos, ou ainda tirando-se a pontuação do poema e se reagrupando as letras.

De uns tempos para cá tenho procurado seguir a idéia de que a poesia existe para embelezar a vida; e é essa a ideía de A bem soar; mas, bonzinhos e boazinhas, não se animem: confesso que não quero afastar-me da maldição jamais.

PALIMPSESTO

Te multo no túmulo.
Tiro de miséria e corda.
Pá limpa incesto.

Tumulto no túmulo.
Tiro de misericórdia.
- Pá! - Limpo o incesto.

Tumulto é o cúmulo!
Tiro de mim ser escória.
Palimpsesto.

Antônio Adriano de Medeiros


A BEM SOAR

Não basta um ver só.

Mais é preciso.
Si abrir.
Partir lar.
Unir versos,
som, ar.
Musa e qualidade
Luz e dia.

Mar, ti, rio...
Gozo só!

Antônio Adriano de Medeiros

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